A anti-terapia para um tempo distópico
Alexandre Willer traz nas histórias de seu novo livro “Placebo para o dia-a-dia” (Ed. Folhas de Relva, SP, 2023) uma panóplia de situações, ocorrências, encontros & desencontros, nos quais seus personagens transitam em permanente desassossego, num embate nos becos-sem-saída de suas experiências existenciais. Como sinaliza o sugestivo e instigante título, não há cura ou escapatória para os passivos e dèbacles que contornam as vidas desses viventes que digladiam com suas realidades, sejam elas sociais, emocionais, afetivas ou psicológicas – toda tentativa de cicatrização, cura ou fuga redunda na frustração ou tiro no pé. Os desatinos, o desencanto, as dores & delícias dialogam entre si nesses contos, a partir de um observatório sutil e exegético deflagrado pelo autor sobre os flagrantes do quotidiano e as contingências de uma contemporaneidade que tem experimentado tantas crises e dilemas nos últimos anos, como o fracasso diante da pandemia da covid-19 e a barbárie das guerras