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Mostrando postagens de 2022

Resultado da I chamada de crônicas Acontece nos livros, coletivo Crônica do Dia e Editora Sinete

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 O canal Acontece nos livros, o coletivo Crônica Do Dia e a Editora Sinete apresentam o resultado da I chamada de crônicas, seguindo o cronograma do edital. Agradecemos a participação dos quase cem cronistas e a parceria da Editora Sinete.  Muito obrigado também aos integrantes do Crônica do Dia, que avaliaram os textos, em especial Sergio Geia, editor do coletivo, Alfonsina Salomão, Clara Braga, Nadia Coldebella e Zoraya Cesar. É importante ressaltar que ficamos surpresos com o alto nível das crônicas apresentadas para a chamada, o que nos dá a certeza de que publicaremos uma antologia de qualidade.  Aos selecionados, entraremos em contato em breve com cada um, para definirmos os próximos passos da edição. Até a próxima chamada! www.acontecenoslivros.com.br www.cronicadodia.com.br www.editorasinete.com.br

Um comentário sobre "o que devíamos ter feito"

As situações abordadas nos relatos breves desta antologia de contos  o  que devíamos ter feito ,  do e scritor mineiro Whisner Fraga, mais que surpreendem, inquietam, mexem intimamente com o leitor, e mais ainda, acredito, com aqueles investidos no papel de pais. Neles, nos contos, a culpa, o remorso, a negligência, a impotência, o descuido, decorrem ou conduzem  quase sempre à consumação de tragédias íntimas, domésticas, cotidianas. A  dor incomensurável decorrente da perda de um filho, assunto de dois desses contos, leva a diferentes reações por parte dos pais-personagens: um não consegue se desapegar da pergunta incisiva e recorrente feita a si mesmo de que não teria sido diferente se ele próprio não subestimasse os alertas e os sinais; outro (outra), reage à sua perda com uma ruptura. O ódio de que o filho perdido era o seu e não o da outra, revela-se cismo avassalador, usurpando o lugar do sentimento embrionário que acenava com promessas. Há ainda o outro pai, cujo nível de sacrif

Antologia de contos | Edital

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  CLIQUE AQUI PARA FAZER DOWNLOAD DO EDITAL O canal Acontece nos Livros e a Editora Sinete tornam pública a chamada para antologia de contos. Buscamos receber originais somente em língua portuguesa, de autores residentes em território brasileiro. Dentre os originais recebidos, serão selecionados dez contos, de dez autores diferentes. A seleção de originais será feita por Whisner Fraga, responsável pelo canal Acontece nos Livros , e por Carla Dias, responsável pela Editora Sinete. A seleção se pautará por critérios de ineditismo, originalidade/inventividade, domínio da forma/gênero e adequação às considerações deste edital. Feita a seleção, os nomes dos autores cujos textos forem escolhidos serão divulgados pelo Acontece nos Livros e pela Editora Sinete . Após a divulgação, será produzida e publicada, em formato de livro físico, com ISBN e ficha catalográfica, uma antologia. Cada autor contemplado receberá 1 (um) exemplar, gratuitamente. Não há custos financeiros ou taxa

"Usufruto de demônios", a lapidação da dor

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  Por Hugo Almeida Nos anos 1970/1980, o escritor Ricardo Ramos (1929-1992) era considerado nos meios literários o maior conhecedor do conto brasileiro contemporâneo. Como sempre houve, hoje existem vários grandes leitores de contos de autores nacionais. Entre os primeiros está Whisner Fraga (Ituiutaba-MG, 1971; vive em São Paulo), também um grande contista, a exemplo do filho de Graciliano Ramos (1892-1953). Desde que criou o canal Acontece nos Livros, no YouTube, há seis anos, Whisner já comentou cerca de 200 obras de ficção, a maioria contos de escritores brasileiros, principalmente publicados por pequenas editoras. Whisner acaba de lançar o seu 12 º livro, Usufruto de demônios  (Ofícios Terrestres Edições), volume de minicontos, alguns editados em vídeos no YouTube. Em 2020, ele havia lançado O que devíamos ter feito (Patuá), contos originais, poéticos e por vezes cruéis. Na nova coletânea, prevalecem o tom e o tema da dor, como da pandemia da Covid-19, mas agora ainda mais incisiv

Usufruto de demônios - um livro síntese

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    Por Krishnamurti Góes dos Anjos (*) Em resenhas anteriores tivemos a oportunidade de salientar certa característica do gênero literário conhecido como conto. São fragmentos de vida. Daí resulta, quando em mãos hábeis, a emergência de um caráter lírico proveniente da força do fragmento. Júlio Cortázar (1914-1984), endossa tal afirmativa, e explica bem o recorte que os contistas podem e devem realizar: ao escolher e limitar uma imagem ou um acontecimento que sejam significativos, e que não só valham por si mesmos, podem causar mais facilmente nos leitores uma espécie de abertura, de fermento que projete a inteligência e a sensibilidade em direção a algo que vai muito além do argumento visual ou literário contido no conto. Quanto à forma que o gênero vem assumindo na atualidade, constatamos verdadeira busca pela síntese, reflexo por certo, de nossa era marcada pelo esfacelamento, fragmentação, velocidade e intensidade. Surgem daí vertentes narrativas que enveredam pelo que ainda difus

A propósito de "o privilégio dos mortos"

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Por Milton Rezende O filme “Bonitinha, mas ordinária”, um clássico do cinema nacional, com bela atuação do saudoso José Wilker e inspirado na célebre peça de Nelson Rodrigues. Mas o bordão/ideia-fixa do filme, que foi repetido diversas vezes pelo personagem Edgard, é “ O mineiro só é solidário no câncer” , frase atribuída a Otto Lara Resende. Esta frase tornou-se icônica, mas não é bem verdade. Entretanto dita pelo ator José Wilker   com tanta e especial ênfase   que eu me recordo até hoje, donde se depreende que a ênfase é tudo. O próprio Drummond tem um verso neste sentido ao dizer “as coisas/que triste são as coisas consideradas sem ênfase” ( in A Flor e a   Náusea). Então, para todos os efeitos, tornou-se realmente verdade que o mineiro só é solidário no câncer. Por extensão poderíamos dizer, alargando o seu horizonte e seu alcance que “ O brasileiro só é solidário no câncer”. Aliás, eu acho que é assim que se encontra no filme, não tenho bem certeza. No romance de Whisner Fr

Carta de um leitor

São Paulo, 25 de fevereiro de 2022.   Caro Whisner, O que logo chama a atenção, em todos os seus contos de O que devíamos ter feito , é o estilo peculiar, singular, a orginalíssima dicção literária, a poesia que atravessa o livro inteiro (tudo “sofisticado”, com “arsenal metafórico e simbólico”, como diz Jamil Snege no prefácio), episódios muitas vezes cruéis (“espécie de cadeia de explosões”), histórias marcadas quase todas pela incerteza dos narradores e personagens, pela indecisão, pelo medo, tudo reflexo da vida perversa atual. Um trabalho primoroso.   Também a estrutura do livro (a sequência dos textos) está muito bem organizada, quase circular, início e fim com as dores da pandemia, a interlocução com a companheira Helena do narrador, entremeada com narrativas em que ela não é citada, um certo intervalo que traz outro tom, ainda bem pessoal, ao texto.   São incontáveis as analogias e metáforas e outras figuras de linguagem e achados literários bastante originais. Cito

Porco de raça – uma distopia brasileira

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 Por Whisner Fraga Bruno Ribeiro (1989) é um escritor, tradutor e roteirista mineiro. Atualmente vive em Campina Grande, Paraíba. Ele é autor dos livros Arranhando paredes ( Bartlebee, 2014), Febre de enxofre (Penalux, 2016), Glitter (Moinhos, 2018), Zumbis (Enclave, 2019), Bartolomeu (Ed. Do Autor, 2019), Como usar um pesadelo (Caos & Letras, 2020) e Porco de raça (DarkSide, 2021). Em 2018 foi finalista do I Prêmio Kindle de Literatura, em 2020 venceu o primeiro prêmio Todavia de não Ficção com um livro reportagem e o primeiro prêmio Machado DarkSide. Esta edição do romance Porco de raça conta com as ilustrações de Vagner Willian. O narrador do livro é um professor paraibano desempregado, negro, sem dinheiro e seriamente encrencado, pois deve para muita gente. O irmão é um poderoso senador e o acolhe sempre que está com problema, embora essa hospitalidade não seja gratuita. É nítido que há uma certa obrigação por conta dos laços de sangue, há um preço e, também, mui

Não me empurre para os perdidos – polifonia a serviço da trama

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  Por Whisner Fraga Maurício Melo Júnior (1961) é um escritor, jornalista, crítico literário e documentarista pernambucano, conhecido por apresentar o programa Leituras, da TV Senado. É autor de, entre outros, A revolta dos cascudos (Bagaço, 1992), O palhaço que perdeu o riso (Bagaço, 1993), A cidade encantada de Jericoacoara (Bagaço, 1995), É doce viver no mar (Bagaço, 2008), Viva o cordão encarnado! Viva o cordão azul! ( Bagaço , 2012), Noites simultâneas (Bagaço, 2017). Não me empurre para os perdidos (CEPE, 2020) foi finalista do Prêmio SESC de Literatura, em 2017. Este romance tem quatro eixos narrativos ou quatro vozes distintas. Max, a primeira, dialoga com um escritor, de quem recebe um pacote, assinado por F. Nesta encomenda se encontra um caderno pautado, em cuja capa está escrito somente 1924, o ano em que se passa a história. Ali estão um diário de F. e uma novela, um folhetim chamado “Dois soldados e uma guerra”. Nesta novela dentro de um romance , um rei divide