A propósito de "o privilégio dos mortos"

Por Milton Rezende O filme “Bonitinha, mas ordinária”, um clássico do cinema nacional, com bela atuação do saudoso José Wilker e inspirado na célebre peça de Nelson Rodrigues. Mas o bordão/ideia-fixa do filme, que foi repetido diversas vezes pelo personagem Edgard, é “ O mineiro só é solidário no câncer” , frase atribuída a Otto Lara Resende. Esta frase tornou-se icônica, mas não é bem verdade. Entretanto dita pelo ator José Wilker com tanta e especial ênfase que eu me recordo até hoje, donde se depreende que a ênfase é tudo. O próprio Drummond tem um verso neste sentido ao dizer “as coisas/que triste são as coisas consideradas sem ênfase” ( in A Flor e a Náusea). Então, para todos os efeitos, tornou-se realmente verdade que o mineiro só é solidário no câncer. Por extensão poderíamos dizer, alargando o seu horizonte e seu alcance que “ O brasileiro só é solidário no câncer”. Aliás, eu acho que é assim que se encontra no filme, não tenho bem certeza. No romance de Whisner Fr