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Carta de um leitor

São Paulo, 25 de fevereiro de 2022.   Caro Whisner, O que logo chama a atenção, em todos os seus contos de O que devíamos ter feito , é o estilo peculiar, singular, a orginalíssima dicção literária, a poesia que atravessa o livro inteiro (tudo “sofisticado”, com “arsenal metafórico e simbólico”, como diz Jamil Snege no prefácio), episódios muitas vezes cruéis (“espécie de cadeia de explosões”), histórias marcadas quase todas pela incerteza dos narradores e personagens, pela indecisão, pelo medo, tudo reflexo da vida perversa atual. Um trabalho primoroso.   Também a estrutura do livro (a sequência dos textos) está muito bem organizada, quase circular, início e fim com as dores da pandemia, a interlocução com a companheira Helena do narrador, entremeada com narrativas em que ela não é citada, um certo intervalo que traz outro tom, ainda bem pessoal, ao texto.   São incontáveis as analogias e metáforas e outras figuras de linguagem e achados literários bastante originais. Cito